sábado

Actos como história.
Os Actos dos Apóstolos são escritos pelo autor como as histórias com a pretenção de serem verdadeiras e com o fim de propagar uma nova doutrina. Até que ponto são histórias verdadeiras e até que ponto importa se são verdadeiras?
O objectivo do autor é fazer memória, criar um "mito de origem". Só tendo as referências do passado se pode viver o presente e pensar-se o futuro. E quanto mais glorioso for o passado (da Igreja, neste caso) mais direito ela tem de existir no presente e no futuro.
Os países, partidos, Igreja, cada um de nós necessitamos de ter uma história pessoal para mostrá-la aos outros e valorizar-se a si próprios.
Só os santos não precisam das histórias (talvez por isso são livres). Mas os santos têm fé, pelo menos assim pensamos. Será que os Actos dos Apostolos são uns contos sobre a fé e será que podem ajudar à nossa pouca (ou nenhuma) fé?

quarta-feira

Os"não-actos" dos Apóstolos ou partilha de perguntas

Há uns dias fui à oficina; o carro precisava de uns pneus da frente novos. Enquanto os substituíam, esperei sentada na pequena sala da recepção, onde estava a “secretária da oficina”, dentro do balcão a mexer na papelada, a atender e a fazer telefonemas. Estivemos a conversar. Primeiro sobre a filha dela e as dificuldades que tinha na escola. Depois sobre os seus problemas relacionais. Depois sobre os seus problemas em geral. Depois sobre os problemas em geral da adolescência. Até que a senhora me perguntou qual o curso que eu estava a tirar; a partir daí o tema passou a ser religião. Foi breve.
- Eu já não acredito nessas coisas… - disse-me.
- Então…
- Com a idade, com a vida… isso vai passando.
- Pois…

E baixei os olhos, que é a primeira coisa que faço quando tenho vergonha de qualquer coisa que fiz (ou não fiz).

“- Pois…”

“…”

Porque é que não lhe narrei uma das histórias que eu e o Espírito construímos juntos? A da minha viagem até Damasco? Porque é que não ardi frente a ela e me neguei a dar-lhe uma migalha de qualquer coisa que me habitasse? Porque não lhe expliquei o que eu tinha sido e no que me tornei? Porque não lhe contei das minhas prisões abertas? Porque não deixei de ter ouro, nem prata, nem complexos, nem cobardias, nem de me ter a mim própria talvez, para lhe falar de outra coisa? Porque é que perdi o barco que ia para Roma?

Afinal, eu não estava no sinédrio, à frente dum grupo de sumos sacerdotes furiosos nem numa sala de audiência perante um rei Agripa curioso mas poderoso. Encontrava-me numa sala, com algumas cadeiras e uma mesa cheia de revistas e jornais, com a televisão sem som pendurada na parede, e tinha perante mim a simpática secretária da oficina… Então qual era a razão para o meu silêncio? Porque é que escondi tantos daqueles segredos que se fizeram para serem gritados nos telhados?

A leitura do livro dos Actos anda a dar-me fome de heroísmo. Por vezes ao lê-lo, sinto que algo me dá a mão e me leva a visitar o cemitério onde foi já várias vezes sepultada a minha coragem. A leitura acende outras perguntas teimosas: “Quando é que enlouqueces assim? Quando é que te embriagarás por isso que não embriaga? Quando é que estarás firme de que nem um dos teus cabelos será tocado? Quando perderás o medo das mãos com sete pedras e dos naufrágios?”

Termino pedindo desculpa a toda a comunidade de leitores pelo carácter pouco académico deste texto.

terça-feira

A ESTRATEGIA DAS PERSONAGENS

Para o autor do livro dos Actos, o cristianismo é uma realidade integradora de multividências diferentes: pela diversidade de línguas, pela comensalidade aberta, pela não acepção de pessoas (o Espírito é para judeus e pagãos...). Esta posição é também defendida pelas personagens: Lucas narra, conta, dá realidade, sangue e emoção a traves das personagens que escolhe para colocar na primeira linha.
Neste sentido, Estevão representa claramente o primeiro ponto de ruptura que entra em conflito com o judaísmo de Jerusalém.
No discurso de Estêvão percebe-se o espírito do judaísmo helenista da Diáspora: os judeu-cristãos helenistas eram com efeito, os mais libertos e por isso os mais perigosos para os judeus mais ortodoxos observantes da lei e os costumes do templo.
De maneira indirecta, Lucas manifesta a través de Estevão que o cristianismo deve ter as portas abertas, deve ser uma realidade plural em movimento não apenas confinada ao templo e que tem capacidade de se implantar no meio romano. Estêvão representa o primeiro ponto de transição do Evangelho, é um prefacio a esta abertura que o cristianismo vai representar, defendida até as últimas consequências: o martírio do sangue. A partir do seu martírio, o cristianismo deixa de ser uma seita interna do judaísmo e inicia o seu caminho na historia.
Posteriormente será ainda mais claro quando é aberta aos gentios a possibilidade de aderirem também.

segunda-feira

Personagens Pedro e PAULO

Pedro e Paulo constituemuma quarta categoria de personagens que asseguram a continuidade da história.A primeira parte dos Actos é dominada pela figura de Pedro e a segunda por Paulo.Vamos,pois deter.nos neles.
O destino de Pedro,nos Actos,é entre duas assembleias: a que elege Matias e a de Jerusalém.
Já vimos,ao ler o relato de eleição de Matias (1,15-26),que Pedro toma uma iniciativa (a de completar o grupo dos doze)e dá uma definição: as condiçôes que o substituto de Judas devia preender para corresponder ao título de apóstolo.Companheiro dos apóstolos e de Jesus,desde o seu baptismo até à sua morte,testemunha da ressurreição.
tal é,sgundo Pedro,o apóstolo.No termo deste ciclo de Pedro,no concílio de Jerusalém,é ainda Pedro quem dirime o debate.: Somos salvos pela graça do Senhor Jesus,e por mais nada.Nasce um novo povo,cujo sinal de ade~são já não pode ser a circuncisão nem observância da Lei.
E é Pedro quem proclama claramente esta salvação universal trazida pelo Senhor Jesus.
A primeira pregação aos judeus situa-se no dia do Pentecostes e é Pedro juntamente com os onze que convida à conversão,ao baptismo em nome de Jesus Cristo e à recepção do Espírito Santo.
Vimos o esforço de Lucas para demonstrar que foi Pedro a inaugurar a pregação aos pagãos,com baptismo do centurião Cornélio.
Entre estas duas inaugurações,Pedro e joão deslocam-se a Samaria.Desta vez trata-se de confirmar de alguma maneira a tarefa de evangelização de Filipe,um dos sete,e de a completar transmitindo o Espírito(8,14-17).
Para Lucas o primado de Pedro está fora de causa,mas seria falsificado seriamente se isolássemos Pedro do grupo apostólico.Com uma incasável perseverança, que se parece com o furor,Lucas insiste sem cessar na unidade existente entre Pedro e os outros apóstolos.
Lucas apresenta-o também como responsável pela santidade da comunidade.

SANGUE DE MÁRTIRES, SEMENTE DE CRISTÃOS

O martírio de Estêvão teve um grande impacto na história da comunidade cristã primitiva.
Este acontecimento ilumina, certamente, toda a narrativa de Actos. Em primeiro lugar, é de destacar a proximidade, a amizade e o carinho que sentiam por este personagem: o narrador refere que “ [alguns] homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram por ele grandes lamentações” (Act. 8, 2). Em segundo lugar, não foi em vão que Estêvão foi morto. A sua morte possibilitou que o cristianismo se expandisse para fora de Jerusalém e conhecesse novos espaços e novos interlocutores: o narrador relata que “ […] os que se tinham dispersado, em seguida à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre, e Antioquia, mas anunciaram a palavra apenas aos judeus. Houve, porém alguns deles, homens de Chipre e de Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus” (Act. 11, 19-20). Em terceiro lugar, Paulo – falando à multidão – recorda o próprio martírio de Estêvão. Tal recordação (“E, quando foi derramado o sangue de Estêvão, tua testemunha, também eu estava presente, de acordo com eles […]”, Act. 22, 20) reforça a importância que a entrega de Estêvão “até ao fim” teve na sua conversão, na medida em que, perante a leitura que faz dos vários “sinais” que antecedem o sinal por excelência de Jesus ressuscitado, Paulo percebe que foi escolhido para anunciar esse Jesus – que ele negava de todas as maneiras – aos gentios.
Para finalizar, Estêvão ilumina toda a narrativa de Actos pois insere-se perfeitamente no programa teológico de Lucas: 1) contribui para a “teologia da História”; 2) o seu martírio testemunha a fé na ressurreição do Senhor; 3) a sua morte testemunha a fé no Deus dos Pais e no Filho da Promessa; 4) a força da Palavra, presente em Estêvão, torna-o num herói; 5) a personagem Estêvão desempenha um papel determinante no processo teológico de ‘integração’ lucano.

Filipe no projecto de integração

Para entender a importância que tem o meu personagem, o diácono Filipe, no conjunto do relato do Actos dos Apóstolos é preciso antes ter em conta o objectivo do autor ao escrever este livro. Este pretende fazer uma cristianogénese, onde narra o nascimento e expansão do cristianismo nascente, não pretende descrever os factos “tout-cour”, mas fazer uma história poética, sobre a fundação do cristianismo. Ele faz isto levando o leitor a viajar de Jerusalém onde o cristianismo nasceu, no seio do judaísmo até Roma onde o cristianismo veio a implementar-se de maneira decisiva, no meio do paganismo.
Filipe faz parte dos sete diáconos escolhidos para responder a algumas “murmurações” que surgiram no seio dos helenistas, ele próprio era helenista. Os helenistas eram judeus da diáspora que se tinham helenizado e que em Jerusalém tinham sinagogas próprias e inclusivamente a torah em grego. Estes judeus poderiam caracterizar-se por uma maior abertura cultural e intelectual às ideias do tempo. Neste sentido o diácono que é helenista está mais apto para anunciar a Boa-Nova aos gregos, ou seja aos gentios. Aliás ele protagoniza uma etapa importante nesta viagem de Jerusalém a Roma, ao anunciar o evangelho ao eunuco, que fazia parte da corte da rainha de Candace, que se converteu.

ACTOS COMO HISTÓRIA

Alguns autores e escolas ao estudarem o livro dos Actos dos Apóstolos viram nele uma narrativa que procurava conciliar duas correntes que se opunham no cristianismo das origens: Pedro e Paulo. Outros viram uma apologia cristã perante as autoridades do tempo. No entanto nem uma nem outra parecem ser verosímeis pois baseiam-se numa visão da História ultrapassada.
Hoje a História já não pode ser entendida como simples descrição de acontecimentos, mas sim como uma reconstrução do que era a Vida no passado histórico que se procura entender, procurando nexos e um fio condutor entre os acontecimentos, visto que estes não acontecem separados e independentemente uns dos outros. Desta forma toda a história posta por escrito deve ter este fio condutor, que conduz aquele que a lê. Mas este fio condutor, que se constrói a partir dos acontecimentos reais (fluxo do real), é, inevitavelmente, construído pelo autor, por aquele que põe a história por escrito. Logo toda a história narrada tem um ponto de vista sobre os acontecimentos que narra, privilegiando uns aspectos em detrimento de outros, umas personagens e não outros, fazendo encadear os acontecimentos num certo sentido.
Ora no livro dos “Actos” é precisamente isto que acontece o autor tem um ponto de vista da História preciso: o da Fé. Ele lê os acontecimentos num sentido preciso: o da concretização do evangelho. Ele escolhe apenas alguns apóstolos e não outros. Por outro lado encadeia os acontecimentos conduzindo o leitor, através do fluxo do real, de Jerusalém a Roma. Para lá de tudo isto neste livro é possível relacionar os acontecimentos da história mais estrita da cristianogénese, com os da mais vasta de toda humanidade da época. Desta forma tendo em conta tudo o que se disse podemos afirmar que o livro dos Actos dos Apóstolos é História.

Apolo 2: a voz do que clama em Éfeso

A breve biografia de Apolo e o micro-relato que se lhe segue (Act 18,24-19,7) iluminam a estratégia narrativa de um modo paradigmático. De facto, Apolo é «natural de Alexandria», o maior centro cultural do império romano; e é um verdadeiro «judeu», «conhecedor profundo das Escrituras», o que não é de estranhar, porque fora na colónia judaica de Alexandria que se fizera a tradução dos LXX. Ele tinha sido «instruído no caminho do Senhor», mas seguia um ramo do cristianismo em que só se conhecia «o baptismo de João», de arrependimento e com água, sem o Espírito Santo. É ao pregar na sinagoga de Éfeso a mensagem que conhecia que se encontra com dois discípulos de Paulo, Priscila e Áquila, os quais «lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus»; entende-se que tenha aceitado essas correcções com toda a humildade, pois chegará a pedir a recomendação destes irmãos para se dirigir aos discípulos de Corinto. Aí convencia «publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo». De facto, aqui se vê como «quem não está contra Cristo está por Cristo», que o cristianismo é uma experiência que evolui e está aberta a todos os que a aceitarem com humildade, sem defenderem ciosamente os seus pontos de vista. Paulo, voltando a Éfeso (onde anteriormente estivera de passagem), encontrará alguns discípulos, provavelmente «convertidos» por Apolo, que não sabiam sequer da existência do Espírito Santo; anunciando o Nome de Jesus, acerca do Qual profetizara João Baptista, eles pedem o Baptismo e recebem o Espírito Santo, sendo 12 homens, símbolo do Povo Eleito. De seguida Paulo levará esses 12 da sinagoga para a escola de Tiranos, fazendo algo profundamente original. Ora, se a personagem de Paulo está escrita em síncrese com a de Jesus, vê-se que aqui Apolo é narrado em síncrese com João Baptista, porque também preparou, para os judeus de Éfeso, o caminho do cristianismo anunciado por Paulo de um modo mais perfeito.

David Pernas

Em que medida é que Act são história?

Na medida em que o autor procura descrever as origens do cristianismo, para mostrar como foi possível o surgimento deste fenómeno religioso totalmente novo. Lucas não pretende ser cronologicamente preciso, nem apresentar todos os detalhes de que tem conhecimento, tentação historicista pouco plausível para a época; ele descobriu um fio condutor por detrás dos acontecimentos da «cristianogénese», o modo como a Palavra se foi difundindo, e de como o Espírito Santo impeliu o cristianismo, já na primeira e na segunda gerações apostólicas (representadas por Pedro e Paulo), a ir de Jerusalém até Roma, passando por Atenas. Se contraria em parte as regras historiográficas do mundo antigo, ao descrever um motivo pouco importante, como era o cristianismo, e ao assumir uma parcialidade por parte do narrador, isso não lhe retira a validade histórica, pelo contrário: Lucas mostra, também porque o experimentou, que foi Deus quem escolheu esses «anti-heróis» que são os apóstolos, para levarem uma mensagem de salvação não só ao seu Povo Eleito, Israel, mas a todas as nações. Ele seleccionou as linhas do cristianismo que considerou mais importantes, eliminando as que não teriam, diríamos hoje, relevância científica, para explicar o porquê de o cristianismo ser, na altura da escrita, tal como era: aberto ao mundo, acolhendo a todos. Para que tal acontecesse dentro da religião judaica, era fundamental que o próprio Deus interviesse com meios sobrenaturais, não comprováveis do ponto de vista positivo, mas que tinham de ser introduzidos na história, ou esta abertura seria inaceitável para quem, conhecendo e/ou praticando o judaísmo, quisesse saber como foi possível o romper de tantas leis ditadas pelo mesmo Deus. Se Deus, no Génesis, foi separando a luz das trevas, o dia da noite, a terra do mar, Abraão da sua família paterna, e, finalmente, Jacob-Israel de Esaú, Ele agora faz uma Nova Criação, em que todos têm acesso à salvação, pelo sangue e no Nome de Jesus Cristo Ressuscitado, no Espírito que destrói todas as barreiras. Esta é a história da Nova Criação

David Pernas

NOVAMENTE SILAS: Personagens históricos e humanos

O Livro dos Actos apresenta uma obra que abarca a história do Cristianismo primitivo e desta forma de todos aqueles personagens que contribuíram para a propagação do Cristianismo, como Filipe, Paulo, Barnabé, Silas e outros.

Silas foi escolhido juntamente com Judas Barsabás para ir à Igreja de Antioquia acompanhando Paulo e Barnabé. Silas era um helenista da diáspora, como Paulo tinha direito à cidadania romana. Mais tarde Judas Barsabás regressou a Jerusalém, mas Silas, tal como aconteceu com Barnabé, sucumbiu ao encanto desta livre e magnífica cidade, que se oferecia como um bom campo de acção missionária.

“Flávio Josefo descreve Antioquia como sendo a terceira maior cidade do império e também do mundo, com uma população estimada em mais de meio milhão de habitantes, depois de Roma e Alexandria. A cidade cresceu a ponto de se tornar o principal centro comercial e industrial da Síria Romana. Esta cidade era considerada a porta para o oriente, César Augusto e Tibério utilizavam-na como centro de operações. Era também chamada "Antioquia, a bela", "rainha do Oriente", devido às riquezas romanas que a embelezavam.” (Wikipédia).

No início da segunda viajem de Paulo deu-se uma divisão entre Paulo e Barnabé. Paulo decidiu levar consigo novos colaboradores da sua confiança. Neste caso era Silas. Diz Rafael Aguirre que os helenistas procedentes da diáspora eram de bastante melhor situação económica que os hebreus ou os palestinos (Cf Del movimento de Jesus a la Iglesia Cristiana, p.146). É também significativo que a maioria dos convertidos ao cristianismo que aparecem nos Actos eram geralmente pessoas de uma boa condição social: o eunuco etíope, Cornélio, centurião romano, destacado porque dava largas esmolas ao povo; Lidia uma comerciante de púrpura e outras mulheres de boa categoria social (17,4).

Mas voltando a Paulo. Talvez o que se passou com Paulo e Barnabé não tenha sido mais do que hoje podemos chamar “diversidade de temperamentos e interesses pessoais”.

Esta é, a meu ver, uma forma diferente de abordar os Actos como um livro histórico em que muitas vezes as divergências tendem a ser absorvidas numa crítica benévola. No entanto, neste caso dá-se importância ao valor da sinceridade da história.

Está claro que Lucas não encobriu as emoções, os amuos…, a parte mais humana de cada personagem.
Antes vimos como tinha começado esta amizade entre Paulo e Barnabé:

Chegado a Jerusalém, Saulo procurava reunir-se aos discípulos, mas todos tinham medo dele, não querendo acreditar que fosse um discípulo. Barnabé tomou-o, então, consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como ele, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe falara, e com que coragem ele anunciara o nome de Jesus em Damasco (Act 9,26-27)

Foi Barnabé que segundo o cap. 11,25 foi procurar Saulo a Tarso “Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente” (11,26).
E foi Barnabé quem acompanhou Paulo na viagem missionária a Chipre e Ásia Menor. Barnabé, que foi o primeiro a começar a missão em Antioquia, foi também quem chamou Paulo para seu colaborador. Mas soube pouco a pouco deixar a liderança nas mãos de Paulo. Não devia ter sido fácil para Barnabé, pois o que determina a sua posição na sociedade no séc. I era o respeito, a honra, as relações de patrão…
Agora os dois amigos fazem cada um caminho próprio, com algum sofrimento, mas ambos com um grande objectivo, pregar a Boa-Nova, o Kerigma.

Silas acompanhará de agora em diante Paulo como companheiro de viagens. Não obstante às desavenças, as falhas humanas e desentendimentos pessoais, a Palavra salvífica prossegue o seu caminho.

A:R:

domingo

Projecto de integração

Santo Estêvão é o primeiro mártir do Cristianismo. Estvão é um judeu helenista. O seu nome vem do grego Στέφανος (Stephanós), o qual se traduz para aramaico como Kelil, significando "coroa" - e Santo Estêvão é, representado com a coroa de martírio da cristandade, recordando assim o facto de se tratar do primeiro cristão a morrer pela sua fé - o protomártir.
Na verdade, através da pessoa de Estêvão, o Lucas exibe que “ a Coroa de martírio de cristianismo de origem ” é um helenista. Isto mostra que há um grande trabalho de um programa teológico de integração. Lucas escolhendo Estêvão, mostra que o impossível pela fé acontece não só entre judeus da pátria mas também da diáspora. Expõe que a exigência de cristianismo atravessa por todos. Lucas demonstra uma pluralidade de voz pela personagem de Estêvão. Por exemplo, é um judeu mas não de pátria. Lucas indica a abertura por outra língua, outro lugar, outro compromisso …etc. O Lucas mostra que o cristianismo é múltiplo na sua origem

Daivadas V Thomas