segunda-feira

SANGUE DE MÁRTIRES, SEMENTE DE CRISTÃOS

O martírio de Estêvão teve um grande impacto na história da comunidade cristã primitiva.
Este acontecimento ilumina, certamente, toda a narrativa de Actos. Em primeiro lugar, é de destacar a proximidade, a amizade e o carinho que sentiam por este personagem: o narrador refere que “ [alguns] homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram por ele grandes lamentações” (Act. 8, 2). Em segundo lugar, não foi em vão que Estêvão foi morto. A sua morte possibilitou que o cristianismo se expandisse para fora de Jerusalém e conhecesse novos espaços e novos interlocutores: o narrador relata que “ […] os que se tinham dispersado, em seguida à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre, e Antioquia, mas anunciaram a palavra apenas aos judeus. Houve, porém alguns deles, homens de Chipre e de Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus” (Act. 11, 19-20). Em terceiro lugar, Paulo – falando à multidão – recorda o próprio martírio de Estêvão. Tal recordação (“E, quando foi derramado o sangue de Estêvão, tua testemunha, também eu estava presente, de acordo com eles […]”, Act. 22, 20) reforça a importância que a entrega de Estêvão “até ao fim” teve na sua conversão, na medida em que, perante a leitura que faz dos vários “sinais” que antecedem o sinal por excelência de Jesus ressuscitado, Paulo percebe que foi escolhido para anunciar esse Jesus – que ele negava de todas as maneiras – aos gentios.
Para finalizar, Estêvão ilumina toda a narrativa de Actos pois insere-se perfeitamente no programa teológico de Lucas: 1) contribui para a “teologia da História”; 2) o seu martírio testemunha a fé na ressurreição do Senhor; 3) a sua morte testemunha a fé no Deus dos Pais e no Filho da Promessa; 4) a força da Palavra, presente em Estêvão, torna-o num herói; 5) a personagem Estêvão desempenha um papel determinante no processo teológico de ‘integração’ lucano.

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