segunda-feira

NOVAMENTE SILAS: Personagens históricos e humanos

O Livro dos Actos apresenta uma obra que abarca a história do Cristianismo primitivo e desta forma de todos aqueles personagens que contribuíram para a propagação do Cristianismo, como Filipe, Paulo, Barnabé, Silas e outros.

Silas foi escolhido juntamente com Judas Barsabás para ir à Igreja de Antioquia acompanhando Paulo e Barnabé. Silas era um helenista da diáspora, como Paulo tinha direito à cidadania romana. Mais tarde Judas Barsabás regressou a Jerusalém, mas Silas, tal como aconteceu com Barnabé, sucumbiu ao encanto desta livre e magnífica cidade, que se oferecia como um bom campo de acção missionária.

“Flávio Josefo descreve Antioquia como sendo a terceira maior cidade do império e também do mundo, com uma população estimada em mais de meio milhão de habitantes, depois de Roma e Alexandria. A cidade cresceu a ponto de se tornar o principal centro comercial e industrial da Síria Romana. Esta cidade era considerada a porta para o oriente, César Augusto e Tibério utilizavam-na como centro de operações. Era também chamada "Antioquia, a bela", "rainha do Oriente", devido às riquezas romanas que a embelezavam.” (Wikipédia).

No início da segunda viajem de Paulo deu-se uma divisão entre Paulo e Barnabé. Paulo decidiu levar consigo novos colaboradores da sua confiança. Neste caso era Silas. Diz Rafael Aguirre que os helenistas procedentes da diáspora eram de bastante melhor situação económica que os hebreus ou os palestinos (Cf Del movimento de Jesus a la Iglesia Cristiana, p.146). É também significativo que a maioria dos convertidos ao cristianismo que aparecem nos Actos eram geralmente pessoas de uma boa condição social: o eunuco etíope, Cornélio, centurião romano, destacado porque dava largas esmolas ao povo; Lidia uma comerciante de púrpura e outras mulheres de boa categoria social (17,4).

Mas voltando a Paulo. Talvez o que se passou com Paulo e Barnabé não tenha sido mais do que hoje podemos chamar “diversidade de temperamentos e interesses pessoais”.

Esta é, a meu ver, uma forma diferente de abordar os Actos como um livro histórico em que muitas vezes as divergências tendem a ser absorvidas numa crítica benévola. No entanto, neste caso dá-se importância ao valor da sinceridade da história.

Está claro que Lucas não encobriu as emoções, os amuos…, a parte mais humana de cada personagem.
Antes vimos como tinha começado esta amizade entre Paulo e Barnabé:

Chegado a Jerusalém, Saulo procurava reunir-se aos discípulos, mas todos tinham medo dele, não querendo acreditar que fosse um discípulo. Barnabé tomou-o, então, consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como ele, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe falara, e com que coragem ele anunciara o nome de Jesus em Damasco (Act 9,26-27)

Foi Barnabé que segundo o cap. 11,25 foi procurar Saulo a Tarso “Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente” (11,26).
E foi Barnabé quem acompanhou Paulo na viagem missionária a Chipre e Ásia Menor. Barnabé, que foi o primeiro a começar a missão em Antioquia, foi também quem chamou Paulo para seu colaborador. Mas soube pouco a pouco deixar a liderança nas mãos de Paulo. Não devia ter sido fácil para Barnabé, pois o que determina a sua posição na sociedade no séc. I era o respeito, a honra, as relações de patrão…
Agora os dois amigos fazem cada um caminho próprio, com algum sofrimento, mas ambos com um grande objectivo, pregar a Boa-Nova, o Kerigma.

Silas acompanhará de agora em diante Paulo como companheiro de viagens. Não obstante às desavenças, as falhas humanas e desentendimentos pessoais, a Palavra salvífica prossegue o seu caminho.

A:R:

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