segunda-feira

ACTOS COMO HISTÓRIA

Alguns autores e escolas ao estudarem o livro dos Actos dos Apóstolos viram nele uma narrativa que procurava conciliar duas correntes que se opunham no cristianismo das origens: Pedro e Paulo. Outros viram uma apologia cristã perante as autoridades do tempo. No entanto nem uma nem outra parecem ser verosímeis pois baseiam-se numa visão da História ultrapassada.
Hoje a História já não pode ser entendida como simples descrição de acontecimentos, mas sim como uma reconstrução do que era a Vida no passado histórico que se procura entender, procurando nexos e um fio condutor entre os acontecimentos, visto que estes não acontecem separados e independentemente uns dos outros. Desta forma toda a história posta por escrito deve ter este fio condutor, que conduz aquele que a lê. Mas este fio condutor, que se constrói a partir dos acontecimentos reais (fluxo do real), é, inevitavelmente, construído pelo autor, por aquele que põe a história por escrito. Logo toda a história narrada tem um ponto de vista sobre os acontecimentos que narra, privilegiando uns aspectos em detrimento de outros, umas personagens e não outros, fazendo encadear os acontecimentos num certo sentido.
Ora no livro dos “Actos” é precisamente isto que acontece o autor tem um ponto de vista da História preciso: o da Fé. Ele lê os acontecimentos num sentido preciso: o da concretização do evangelho. Ele escolhe apenas alguns apóstolos e não outros. Por outro lado encadeia os acontecimentos conduzindo o leitor, através do fluxo do real, de Jerusalém a Roma. Para lá de tudo isto neste livro é possível relacionar os acontecimentos da história mais estrita da cristianogénese, com os da mais vasta de toda humanidade da época. Desta forma tendo em conta tudo o que se disse podemos afirmar que o livro dos Actos dos Apóstolos é História.

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