quarta-feira

Programa de Integração

A minha personagem, Timóteo, é um dos mais óbvios em termos de programa de integração. Actos 16,1 diz que ele era “filho de uma judia crente e de pai grego” e antes de partir em missão com Paulo é circuncidado. O cristianismo desde o seu início, como Timóteo, não é de “raça pura” mas integra o velho e o novo, promessas e profecias, o particular e o universal. Tal como os cães de raças misturadas são por norma mais saudáveis, a diversidade presente desde o primeiro cromosome do cristianismo torna-o robusto e reveste-o duma capacidade de reacção e adaptação.

Hoje em dia a diversidade é aceite e promovida, mas mesmo nos lugares com mais “mente aberta” parece haver sempre um instinto inato de gostar do que se conhece, ou é semelhante, e estranhar o diferente. Não digo só na aceitação de pessoas ou nacionalidades diferentes, mas também no rumo diário e constante da vida. No entanto se há uma coisa que é constante na vida, esta é a a mudança. Se não formos nós a fazer uma luta constante e honesta para ultrapassar os nossos medos e limitações, a vida puxa por nós, tira-nos o tapete debaixo dos pés e vira o nosso mundo ao contrário. Seja pela morte, distância, desilusão, ou então pelos nossos fantasmas interiores, não somos iguais a quem éramos ontem nem nunca podemos voltar a ser.

Os Actos dos Apóstolos, e Timóteo, são um testemunho à vida e a nós próprios, para aceitarmos os desafios do futuro sem esquecer o passado, para alargar as nossas fronteiras a Roma ou até aos confins do mundo e para chegar até Deus.

“Aquele que não está todos os dias a conquistar
algum medo não aprendeu o segredo da vida.”
– Ralph Waldo Emerson

“Um homem de coragem é também um homem de fé.”
- Marcus Tullius Cicero

5 comentários:

Helena Franco disse...

JULIE, Nós conhecemos o teu segredo. Nasceste na California e vieste viver para Lisboa, a fim de estudares Teologia. Em ti, há a grandeza de um Oceano, porque és, em primeiro lugar, uma jovem mulher da integração de duas pertenças e de duas culturas. E, em segundo lugar, uma jovem mulher de diálogo do teu modo de ser com outros modos de ser. É certo que tu não escreves à maneira lucana um programa de integração, mas a integração é a tua vida, qual Timóteo dos nossos tempos. Por mim, és sempre aqui bem-vinda. WELCOME, JULIE!

Julie disse...

que lindo e poético!!! obrigada :P

vitorino disse...

Muitas vezes o programa de integração hoje, para uns é bem vindo mas outros quanto mais longe estiver melhor.Isto porque a integração outrossim acarreta a inculturação,e a inculturação tem sido um busilis para muitos.
Em suma a integração tem sido um processo a palmilhar lentamente a fim de romper certas barreiras e fronteiras que pode existir entre nós.Este palmilhar levá-nos ao encontro de culturas sem choque ou conflito.A integração é um valor e riqueza se sabermos gerir bem como Timóteo.Gostei da tua exposição porque nos desperta a vivermos a unidade na adversidade. A adversidade enriquece quando é vividade Koinonia e na fratenidade.

Julie disse...

é muito verdade… é um “valor e riqueza” se o sabemos gerir bem!

Cátia Sofia Tuna disse...

Qual será o medo que terei de conquistar ainda hoje? (muito bem, Julie... temos teóloga!!!)