segunda-feira

Agente Ruah-Dabar

Num policial comum, à boa maneira dos grandes cineastas, somos transportados na teia da investigação, presos por fios de Ariadne à locomotiva que viaja desde o crime ao desfecho (in)justo. Apesar de neste último residir o suspiro aliviado, é na “viagem-trama(da)” que tudo nos é contado, que tudo vai sendo desvelado, que tudo é, imprevisivelmente, criado. Apreciamos mais a viagem a que nos convida o autor, do que a sua consumação mais ou menos prevista.

“Agente Ruah-Dabar”, não tendo sido nomeado para melhor actor, é o personagem central e genial do clássico Actos dos Apóstolos. Entendendo a obra como uma viagem, Ruah [Espírito] é o agente que está por detrás das origens e da estruturação da Ekklesia de Jerusalém, ainda ligada ao Templo e à Lei, anima os cristãos durante as perseguições e move-os para Antioquia, converte Paulo e fá-lo ocupar o vazio “protagonístico” deixado na morte de Pedro, move Paulo e Barnabé na conversão dos pagãos, cria novas Ekklesiai no caminho de Roma, suporta o confronto com a cultura helénica e com as autoridades do império, entra, com Paulo, no coração do Império. Entendendo a obra como comunicação de uma Notícia, Dabar [Palavra, como espírito-dito] age em todos os personagens e pelos personagens. Cumprindo o objectivo inicial do livro: ser testemunha de Jesus até aos confins do mundo.
É no binómio espírito-palavra que tudo se joga e onde tudo se esclarece.

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