segunda-feira

TIAGO, irmão De Jesus

A Epístola de Tiago, definida por Martinho Lutero como “carta de palha”, nos últimos tempos foi objecto de um juízo sempre mais crítico; mais ainda, chegou-se a avançar a hipótese de que se trate de um escrito originariamente judaico, que sofreu uma “cristianização” que não podem ser redactores da epístola nem o apóstolos Tiago, que Herodes fez decapitar (Act 12,2), nem Tiago “irmão do Senhor”, que era o chefe da comunidade primitiva de Jerusalém e foi apedrejado no ano 62 d. C. (cf. Alfred Läpple, BIBLIA, Interpretação, Actualização e Catequese, Vol. 3, NT, São Paulo, Ed. Paulinas, 1980, p. 233).
A epístola de Tiago “não é verdadeira epístola, mas uma espécie de livro de sentenças, próximo do género literário que imita os livros sapiências vetero-testamentários”(J. Blinzler).
Na Carta de Tiago a referencia a Jesus é uma realidade escassa. Só duas vezes cita o nome de Jesus (1, 1; 2, 2, 1) e propõe como paradigma apenas figuras do antigo testamento, como por exemplo: Abraão, Jacob, Raab, Elias.
Começando no primeiro versículo e continuando por toda a carta, Tiago reconhece a autoridade de Jesus, referindo-se como “servo”, ou escravo, do Senhor. O termo é aplicável a todos os cristãos, pois todos os verdadeiros discípulos de Cristo reconhecem sua soberania sobre suas vidas e se comprometem espontaneamente a seus serviço.
De considerável interesse é o paralelo próximo entre o conteúdo dessa carta e a doutrina de Jesus, especialmente o Sermão da Montanha. Embora Tiago não cite exactamente nenhuma declaração de Jesus, há mais reminiscências verbais da doutrina do Senhor nesta carta do que em todo o resto das epístolas combinadas no NT. Essas alusões indicam uma associação próxima entre Tiago e Jesus e evidenciam a forte influência do Senhor na vida do autor. Contudo, no conjunto do NT esta Carta é uma pérola. Por isso, é de questionar como é possível um familiar próximo de Jesus escrever esta carta (?)
Há alguns aspectos importantes a destacar nesta Carta:1. acolhimento da sabedoria do alto; 2. a questão da fé e obra; 4. mais do que uma ortodoxia há para Tiago uma práxis; 4. apelo á oração.
“O juízo de Lutero em não considerar a Epistola do apóstolo...é provocado pelo confronto com a Epístola aos Romanos e não faz justiça à carta”, como sublinhou W. Michaelis. Por sua vez, F. Hauck acrescenta que a Epístola de Tiago constitui “um complemento válido às ideias de Paulo sobre a justiça de fé”.

Arlindo S. Tavares

Um comentário:

Cátia Sofia Tuna disse...

F. Hauck acrescenta que a Epístola de Tiago constitui “um complemento válido às ideias de Paulo sobre a justiça de fé”.
Eu concordo com este senhor!