segunda-feira

Pedro, Apóstolo de Jesus Cristo

Embora Pedro seja apresentado como o autor deste escrito pastoral composto certamente em Roma (1Pe 5, 13: Babilónia = Roma; cf. Ap 17, 5) poderia muito bem ser Silvano (Silas), discípulo de Paulo, que esteve em contacto tanto com os destinatários deste escrito, no ambiente missionário micro-asiáico paulino, como com Pedro. A elaboração da primeira “epístola de Pedro” de ter acontecido nos últimos decénios da idade apostólico (cf. Alfred Läpple, BIBLIA, Interpretação, Actualização e Catequese, Vol. 3, NT, São Paulo, Ed. Paulinas, 1980, p. 239).
Pedro dirige-se aos cristãos que vivem em várias partes da Ásia Menor, os quais estão sofrendo rejeição no mundo devido à sua obediência a Cristo (4.1-4, 12-16). Ele, portanto, relembra-os de que têm uma herança celeste (1.3-5). Embora esses cristãos vivem fora da sua morada (casa – oikos), elas são casa, são pedras vivas que vivem em Cristo (2, 4-5). A ideia de casa dava a identidade da pessoa no mundo antigo. Os cristãos nos quais Pedro dirige esta carta são paraikos (forasteiros, fora de casa, estrangeiros). O cristianismo constrói-se não a partir de casa; é um paradigma alternativo do mundo de então.
Qual é a função desta Carta de Pedro? a) função identitária, ou seja, reafirma a identidade da comunidade; b) reforçar a coesão de grupo (comunidade); c) dar uma interpretação plausível de como é possível ser cristão num contexto de diversidade.
A igreja sabe a sua identidade quando olha para Cristo. Não há discurso eclesiológico sem o discurso cristológico, ou seja, Cristo é a base da vida da comunidade.
A primeira Epístola de Pedro é um dos escritos parenéticos do NT em que não se desenvove o querigma, mas do querigma de Cristo já conhecido tira-se as consequências ético-religiosas.

Arlindo S. Tavares

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