sexta-feira

A essencialidade de Estêvão

Estêvão, o chefe dos Sete, é o “enfant terrible” que agita a bonomia de Jerusalém com discursos retumbantes. Agitado pela força do Espírito, a sua voz é fogo e ninguém consegue resistir às suas invectivas. Ainda neófito e como helenista de grandes rasgos, havia percebido que a Igreja não era um “gueto” de Israel, que o verdadeiro Templo de Deus não era uma construção, mas todo o Povo de Deus que tinha fé em Jesus e que a salvação não advinha da lei judaica mas da fé em Jesus Cristo. Perante tais intuições, a sua boca, mesmo em perigo de ser esboroada, proliferava tal Boa-nova e isso valeu-lhe a morte e, consequentemente, a perseguição à Igreja, mas foi graças à essencialidade de Estêvão que a Igreja se abre ao mundo, que de judaica se abraça ao mundo pagão. A corporeidade de Estêvão foi liquidada mas o seu espírito sobrevive ainda embrionariamente no jovem carrasco de nome Saulo, que será o grande continuador da obra começada por Estêvão.
Desta forma se percebe a importância, ao longo dos Actos, da figura do “enfant terrible”.

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