sábado

Cristãos como estrangeiros repatriados sob a pedra viva

Sendo a intencionalidade das cartas católicas a abrangência do universalismo, o reforço da coesão interna do grupo – palmilhante num mundo adverso – e a interpretação plausível do ser cristão, a primeira carta de Pedro, inscrita neste contexto, procura a conciliação tensional do cristianismo como uma alternativa crível, inscrita no mundo. Sob a autoridade de Pedro, redigida pelo punho do secretário Silvano (ou Silas), esta epístola, de tom exortativo e baptismal e de fina elegância estilística, dirige-se tanto aos cristãos da Ásia Menor como o todo o cristão, como um "pároikos" – fora da sua casa – pois o modus vivendi dos cristãos é alternativo ao dispositivo social vigente. Mas a esses despatriados, Pedro anuncia-lhe o cristianismo como uma pátria.
Mediante frequentes palimpsestos do Antigo Testamento, esta carta tem o seu epicentro em 2, 4-10, vulgarmente intitulado por magna carta do cristianismo, onde, envolta em texturas relativas à casa, Pedro, partindo de Cristo, como a pedra rejeitada pelo mundo mas preciosa aos olhos de Deus, vê os cristãos como aqueles que, à imagem de Cristo, foram pedra escolhida do novo Templo de Deus, irmanados em Cristo, onde o sofrimento, em vez de se tornar um empecilho, se transformou em motivo de alegria, pois Aquele que nos precedeu morreu por nós.

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