terça-feira

será o livro dos Actos uma história

Será o livro dos Actos uma história?
Se é certo que o autor do livro dos Actos dos Apóstolos é S. Lucas! Então, podemos dizer que ele teve uma visão muito ampla quanto ao seu projecto de escrita. O autor dos Actos dos Apóstolos teve um ideal, projecto de transmitir uma realidade que está para além da nossa interpretação, quer poética, histórica e narrativa.
O livro dos Actos dos Apóstolos podemos designá-lo como história, mas não a maneira moderna, científica; ele é história na medida em que tem a ver com a realidade da nossa experiência humana. Ele não assenta numa base histórica – factual como um jornalista que descreve um acidente numa noite em que depois de um ano vem um outro jornalista a averiguar se o anterior jornalista escreveu tudo que aconteceu ou não no acidente.
O livro dos Actos é portador de um sentido, ele é história porque também tem um valor teológico. Ele permite-nos entrar numa relação com o transcendente.
O livro dos actos pode ser chamado história enquanto memória. Cada ser humano tem a capacidade de fazer a história de si mesmo, dos seus parentes; por isso, tudo aquilo que a pessoa vai escrever sobre si, ou acerca dos seus pais é uma história, porque actualiza e torna presente o que eles eram ou fizeram; a sua escrita se torna vital para quem a lê ou a escuta. Ora, podemos pensar o livro dos Actos nessa perspectiva?
O livro dos Actos remete-nos para o presente de maneira diferente e profunda, como dizia Mattoso que “A história não é a comemoração do passado, mas uma forma de interpretar o presente”. Por isso mesmo, o livro dos Actos deve ser lido com muita profundidade porque ele nos traz uma riqueza inesgotável.

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