sábado

Em que medida podemos considerar o Livro dos Actos dos Apóstolos como uma História?

No livro dos Atos dos Apóstolos, não há dúvidas de relevância deste projecto histórico: Lucas quis fazer uma história. Lucas foi certamente um observador rigoroso na época apostólica. Alguns historiadores afirmam que até ao século XIX, o Livro dos Actos reunia um consenso enquanto livro de história, mas depois surgiu uma ruptura no interior do próprio NT (Act 15, 1-35; Gal 1, 13 - 2,21). O De Wette por exemplo, afirma que os Actos são parcialmente falsas de ponto de vista histórico. Esta crítica não é totalmente gratuita, pois como pode o Livro dos Actos ser um livro histórico se Paulo faz um combate feroz à Lei nas suas cartas e aqui essa tensão não se apresenta, e está totalmente ausente? Como é que o Livro pode ser histórico se ele é apenas uma deslocação do cristianismo nascente de Jerusalé para Roma, omitindo a expensão do Cristianismo a oeste e para o sul? Os historiadores não são unânimos: alguns pensam que Lucas quis fazer uma apologia do cristianismo nascente, outros afirmam que é naife, uma manipulação da história.
De qualquer forma, não há história "sem mediação de uma interpretação feita pelo historiador; Todo o dircurso histórico é um relato e como tal constrói-se a partir de um ponto de vista. A historiografia é reconstruttiva em função de uma lógica, e não descritiva.. Neste sentido, existe uma teoria antes da história que a permite fazer ou contar. A história é antes de tudo um discurso aberto e complementar.
No livro dos Apóstolos, não se verificam claramente os três seguintes tipos de história (história documental; história explicative; história em sentido forte), pois a história poética por exemplo está disseminada no interior do relato. Em Ac 16, 6-10, por exemplo, Deus intervém no relato. É uma história em que se reflecte a própria vontade de Deus. Pôr por escrito esta história, significa, reconstruir esta experiência. Enquanto história, os Actos são uma memória e reconstrução teológica. A preocupação de Lucas é ancorar a sua narrativa na história profana do próprio império (ancorar o relato na própria realidade).
A história é um significando que remete a um significado. Como esta definição, tudo pode ser histórico para um historiador ou um escritor. Lucas coloca-se nesta linha.

Postado por Max Armand Hugues TANGA

Nenhum comentário: