sexta-feira

[actos]

Esta obra apresenta-se, pois, como um segundo volume da obra de Lucas, numa continuidade natural dos Evangelhos e como que registando o seu cumprimento - começa em Jerusalém, com os Doze, e termina em Roma com Paulo, como que a dizer que se realizou, pelo menos parcialmente, o programa de Jesus, no meio dos gentios (Act 28,25-28), cumprindo-se o início do livro: "Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo." (Act 1,8)

Os personagens centrais do livro são primeiramente Pedro, ao longo dos 12 primeiros capítulos, em perfeita continuidade com o seu papel nos Evangelhos; e Paulo, do capítulo 13 em diante [neste caso parece haver uma certa disparidade na sua personalidade quando comparada com as suas epístolas: o autor dos Actos não nos apresenta Paulo como um Apóstolo e com os mesmos direitos dos Apóstolos, apesar de Paulo reivindicar este título (Gl 1,17); para Lucas, o direito ao "apostolado" está ligado ao grupo dos Doze e ao testemunho directo e ocular de Jesus (Lc 1,2; Act 1,13.17.21-22); depois da visão de Damasco, Paulo é introduzido no grupo dos Doze pela mão de Barnabé; assim Paulo não é Apóstolo pela relação directa com o Ressuscitado, mas pela legitimação que recebe das "testemunhas oculares" de Jesus (Lc 1,2)] e sendo Paulo a personagem central da segunda parte, este livro coloca-se, naturalmente, entre os Evangelhos e as Cartas de Paulo no corpus neo-testamentário.

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