quarta-feira

CARTA DE TIAGO

CARTA DE TIAGO

Nesta carta vemos recolhidas verdades que afectam a todos.

A fé é vista como um dinamismo que produz acções e que só é madura quando se exprime em actos concretos. “Repara que a fé cooperava com as suas obras e que, pelas obras, a sua fé se tornou perfeita” (2,22).

A carta de Tiago procura mostrar também que a verdadeira sabedoria exprime-se pelo comportamento que temos diante das situações: “se algum de vós tem falta de sabedoria, que a peça a Deus, que a todos dá generosamente e sem recriminações, e ser-lhe-á dada” (1,5), “existe alguém entre vós que seja sábio e entendido? Mostre, então, pelo seu bom procedimento, que as suas obras estão repassadas da mansidão própria da sabedoria” (3,13).

Somos pessoas em construção que pouco a pouco vamos crescendo, seguimos o ritmo do crescimento biológico da vida – nascemos, crescemos, morremos – dizemos: é a lei da vida.

Juntamente com o crescimento biológico encontra-se a maduração psicológica, humana e espiritual.

A maturidade humana baseia-se na habilidade para manejar a própria vida e a relação com os outros de uma forma responsável.

Características da maturidade humana:
  • Tolerância das frustrações e da ambiguidade
  • Saber controlar a ansiedade e a insegurança
  • Resistência às hesitações
  • Adaptação a situações novas
  • Capacidade de autocontrole
  • Comportamento elástico
  • Aceitação do passado
  • Capacidade de dar e de receber
  • Aceitação da culpa
  • Capacidade de espera
  • Poder de sublimação
  • Capacidade de enfrentar a dor
  • ...
A vocação cristã, sãmente entendida, colabora, impulsiona e motiva o crescimento humano.

A maturidade é um processo, por isso antes de dizer “este homem é maduro” ou “esta mulher é madura”, teriam que olhar para a sua vida e verificar se sua vida dá resposta aos estímulos à sua volta e se a resposta a esses estímulos é feita em equilíbrio com o seu mundo interior e exterior.

A pessoa madura é a pessoa que sabe encarar o quotidiano, o dia a dia, com recursos humanos suficientes e sabe dar respostas adequadas às situações. Sabe manejar emoções, dados, situações novas e diferentes. Uma pessoa pode ser madura num aspecto e noutro não. De esta forma somos seres em formação e terminamos de crescer.

É o que propõe Tiago quando diz: “Mas peça-a com fé e sem hesitar, porque aquele que hesita assemelha-se às ondas do mar sacudidas e agitadas pelo vento. Não pense, pois, tal homem que receberá qualquer coisa do Senhor, sendo de espírito indeciso e inconstante em tudo” (1,8), ou “pessoa irada não faz o que é justo aos olhos de Deus” (1,20).

A maturidade é a capacidade de saber responder afirmativamente à vida no aqui e agora e baseia-se no amor incondicional. “Feliz o homem que resiste à tentação, porque, depois de ter sido provado, receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam” (1,12).

As pessoas maduras adquirem habilidades para serem generosas com os outros e ao mesmo tempo consigo mesmas, porque: “Aquele, porém, que medita com atenção a lei perfeita, a lei da liberdade, e nela persevera - não como quem a ouve e logo se esquece, mas como quem a cumpre - esse encontrará a felicidade ao pô-la em prática” (1,25).

Tiago é bem conhecedor das transformações-distorções que existem em cada um de nós. “Pois, onde há inveja e espírito faccioso também há perturbação e todo o género de obras más. Mas a sabedoria que vem do alto é, em primeiro lugar, pura; depois, é pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia; e é com a paz que uma colheita de justiça é semeada pelos obreiros da paz” (3,16-18).

O crescimento espiritual não é um percurso uniforme, a um ritmo constante e perfeito. Mais bem, é feito de contradições, conflitos, lutas internas, tensões, perdidas e ganhos, equilíbrios e desequilíbrios; tudo isto, vai abrindo a um maior horizonte e a uma síntese de vida cada vez maior e mais ricas.


ANABELA RODRIGUES

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