terça-feira

Quem foi Estêvão?

O nome de Estêvão aparece apenas 7 vezes no NT todas elas no livro dos Actos dos Apóstolos (6.5; 6.8; 6.9; 7.59; 8.2; 11.19; 22.20). De acordo com a narração dos Actos (6, 1-8), Estêvão foi escolhido com outros seis para o serviço da comunidade. Lucas não dá o nome de “diáconos” aos eleitos mas é repetida a palavra serviço (diakonía) dali que a tradição da Igreja os considere modelos. Estes provinham do grupo dos helenistas, judeus que tinham vivido fora da Palestina, haviam adoptado certa cultura grega e dispunham em Jerusalém de sinagogas particulares, onde a Bíblia era lida em grego. O texto distingue Estêvão dos outros pelas suas capacidades dialécticas e fascínio espiritual: “homem cheio de fé e do Espírito Santo (...) cheio de graça e de poder, operava prodígios e grandes sinais entre o povo” (6, 5.8).
Ele é o representante da linha aberta e progressista do novo movimento que entra em conflito com o judaísmo de Jerusalém. Ligado como está ao ambiente helenístico e ao judaísmo da Diáspora, a sua posição inovadora choca com os tutores das instituições judaicas, o templo e a lei (6, 8-15). Este conflito oferece-lhe a ocasião para um solene discurso diante do Sinédrio, um amplo debate bíblico-teológico que deve justificar a nova linha autónoma do movimento cristão (7, 1-53).
Estêvão é condenado e toma a figura do mártir, o primeiro mártir da Igreja, que como Jesus afronta a morte violenta, modelo ideal do cristão fiel e corajoso, que prolonga o destino de Jesus (7,54-8,4). Lucas acentua por duas vezes (7,59-60) a semelhança entre Estêvão moribundo e Jesus em sua paixão.
A importância desta figura radica em que é com Estêvão que se produz o ponto de transição do Evangelho, ultrapassando as fronteiras de Jerusalém e começando a espalhar-se pelo Mundo. Da perseguição nasce, paradoxalmente, a missão cristã como abertura, impulso e testemunho corajoso a novos destinatários (8, 1-4). A partir do seu martírio, o cristianismo deixa de ser uma seita interna do judaísmo e inicia o seu caminho na historia (11, 19-21).

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