terça-feira

Segunda Epístola de Pedro

A segunda epístola do apóstolo Pedro seria escrita, provavelmente, alguns anos depois da primeira. O seu propósito não é tanto exortativo mas de advertência e esclarecimento, animando aos cristãos a continuar crescendo na fé e no conhecimento de Cristo. A primeira foi destinada para animar e fortalecer sob as perseguições e provações; a segunda, porém, tinha por objectivo preveni-los contra os falsos mestres e suas doutrinas corrompidas; nem uma só vez são mencionados os sofrimentos do Senhor. A primeira, foi escrita para consolar; a segunda, para advertir. Na primeira, há muito sobre o sofrimento; na segunda, temos muito sobre o erro. Outra diferença a realçar é o léxico: nada têm a ver uma com a outra; exemplo disto são os dois termos diferentes para referir-se à segunda vinda do Messias: na primeira o termo é apocalipse, na segunda parusia. Parusia vem do grego e significa: “uma nova vinda ou visita”. No mundo helenista usava-se para narrar a visita de um rei ou de uma rainha a uma cidade. No Novo testamento essa palavra adquire o seu significado mais típico: o segundo advento do Messias revestido de poder e majestade, para fundar Seu Reino Glorioso Universal.
As primeiras comunidades cristãs pensavam que a parusia ia acontecer de forma inminente, foi assim que interpretaram as palavras de Jesus: “Em verdade vos digo: Não passará esta geração antes que tudo isto aconteça” (Mt 24,34; Mc 13,30). Em Tessalônica muitos deixaram até de trabalhar. O próprio São Paulo, no começo, achou que estaria vivo por ocasião da vinda do Senhor ( cf.1Ts 4,15.17).
Na segunda de Pedro encontramos um esclarecimento interessante. A primeira comunidade não distinguiu bem entre proximidade teológica e proximidade cronológica, e durante algum tempo, pensou que fosse iminente esta última, por isso não entendiam o atrasso. O apóstolo dá-nos uma explicação desta demora (cf 2Pe 3, 9-13): O suposto retasso é devido apenas à paciencia misericordiosa de Deus que quer dar a todos o tempo necessário para converter-se. A sua vinda é certa mas o momento é velado para não nos confiarmos e permanecer vigilantes.

Um comentário:

Cátia Sofia Tuna disse...

Acho que esta síntese que tu fazes, em que colocas as duas cartas de Pedro em comparação, pode ser um bom contributo para o nosso estudo. Gostei sobretudo da ultima parte em que dás algumas luzes sobre a parusia. Muito obrigada (ou melhor, Muchas gratias)!