sexta-feira

Gamaliel no conjunto do Livro dos Actos

Como já se sabe, Gamaliel era fariseu, doutor da Lei e respeitado por todo o povo. Gamaliel foi mestre de S. Paulo. Era herdeiro do pensamento de Hilel e o representante proeminente da tendência laxa e mais humana na interpretação da Lei.
o próprio S. Paulo em Atos 22,3 faz referência a Gamaliel nestas palavras: "... Nasci em Tarso, da Cilícia, mas criei-me nesta cidade, educado aos pés de Gamaliel na observância exacta da Lei de nossos pais, cheio de zelo por Deus, como vós todos no dia de hoje".
A partir do próprio testemunho de Paulo, Gamaliel representa a figura do verdadeiro fariseu. O verdadeiro fariseu procurava de facto a vontade de Deus. Era piedoso e cumpridor da Lei. O veradeiro fariseu praticava a religião com aplicação e era para o povo um exemplo.
A intervenção de Gamaliel em Actos 5,34-39 mostra-nos que ele era um homem justo, sábio e inteligente. Gamaliel é consciente que algo novo está a acontecer e faz uma releitura da história para evitar um castigo as Apóstolos. Ele acredita verdadeiramente em Deus e as palavras: "não aconteça que vos encontreis movendo guerra a Deus mostra bem que Gamaliel está a perceber que algo novo se passa.
Gamaliel é o exemplo do farisaismo autêntico, a verdadeira religião dos pais. Neste sentido, ele ilumina de modo particular não só o livro dos Actos, mas todo o Antigo Testamento: o fariseu como servidor de Deus e observador da Lei.

Max Atanga

quinta-feira

Um historiador do Espírito

É aqui que a nossa compreensão do trabalho do historiador nos deveria ajudar.Já vimos que, pretendendo escrever uma obra de ensinamento,Lucas revelou ser um bom historiador.Por outras palavras, ele não faz apenas uma obra edificante ou hagiográfica.Dá-nos a entender claramenteque os perigos experimentados pela Igreja primitiva não provinham apenas dos seus inimigos ou do exterior,mas podiam vir também do interior, dos próprios crentes. Ou, se tratasse de cupidez,divisões, de desentendimentos mesmo entre os Apóstolos (15,36-40),Lucas, tal como Paulo (1Cor11,21ss), não pretende iludir-nos.Mas ele descreve isto fora de tempo.Escreve,assim,um"livro",isto é uma composição na qual se organizam diferentes elementos.
O que ele nos propõe é uma releitura;releitura que não é apenas obra de um historaidor,mas também de um crente desejoso de ensinar,um crente que permanece historiador.Após o desaparecimento de Cristo ressuscitado,reler a História é relê-la na fé no Espírito Santo,tendo em conta os acasos e os mistérios da vida.Por tudo isto,a sua obra supõe uma concpção particular da pessoa e do papel do Espírito.