Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar. Chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos malignos. Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.
Mc 6,7.12-13
A um é dada, pela acção do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; 9a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, no único Espírito
1 Cor 12,9
Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Tg 5, 14-15
Senhor,
Que o vosso servo,
Ungido na fé por este Santo óleo,
Possa sentir alívio em suas dores e
Conforto em sua fraqueza.
Por nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho
Na unidade do Espírito Santo. Amém.
(Rito da unção dos enfermos)
Segundo o Evangelho, os apóstolos já ungiam com óleo muitos doentes e assim os curavam. Portanto, a acção dos presbíteros descrita por Tiago enraiza-se na própria acção salvífica de Jesus, através dos seus apóstolos. De facto, o óleo era um “instrumento” medicinal popularmente prestigado, sendo usado também misturado com vinho. Mas aqui não é um mero meio curativo natural: unge-se “em nome do Senhor” (fórmula já usada entre os judeus nas curas milagrosas) e é acompanhada pela oração, sendo que ambas (a oração e a unção), pelo que o versículo 15 indicia, não são dois momentos distintos mas um só acto.
Outro elemento importante é o dado de que eram os presbíteros a realizarem essa acção. Isto representa um avanço se tivermos em conta de que no Judaísmo as curas milagrosas eram realizadas por “carismáticos” com poderes curativos. Mesmo no seio do Cristianismo, na teologia paulina expressa na 2ª Carta ao Coríntios, a capacidade da cura era reservada aos que tinham recebido esse dom ou carisma do Espírito. Em última análise, verificamos aqui uma aproximação entre o carisma e a instituição, o que é um passo importante na construção da identidade da Igreja, no seu modo de entender como gerir a passagem dos dons de Deus que recebe, de modo a transformá-los em dons para os homens.
Em Tiago, a unção dos enfermos é entendida como cura corporal e cura anímica; há por isso uma interligação e interdependência entre corpo e alma: Deus cura o corpo curando a alma (dos pecados). Ao longo da evolução deste sacramento, ocorreu uma desvalorização da dimensão corporal, restringindo-se apenas a uma cura espiritual. trata-se da saúde da alma, a do corpo foi progressivamente secundarizada. Contemporaneamente tem-se descoberto a relação de grande reciprocidade entre saúde psicológica e saúde biológica. É bom que esta nova perspectiva que se está a desenvolver no campo da medicina e da psicologia invada o campo da Teologia (julgo que já invadiu, tendo-se desenrolado muita reflexão a este nível…) para lhe dar novas luzes a vários âmbitos, e, porque não, ao sacramento da unção dos enfermos. Talvez assim a Teologia descubra o seu poder poder curativo e se torne toque divinalmente aliviador.
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Para elaborar este texto recorri a um comentário de José Alonso à Carta de Tiago:
ALONSO, José – Carta de Santiago. (Tradução e comentário). In LEAL (dir.) – A Sagrada Escritura: texto e comentário. III. BAC : Madrid, 1967. p. 224-225.
segunda-feira
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