Imbuído numa herança veterotestamentária e familiarizado com os clássicos gregos e com a retórica dos cínicos e estóicos, Tiago, o autor da epístola, ou melhor, da circular, procura, com um cunho didáctico e moral, sem uma aparente organização temática, apelar os cristãos a viverem em espírito cristão num mundo por vezes adverso.
Trata-se sobretudo de uma circular, dadas as sucessivas elaborações parenéticas sobre a vida na comunidade e no mundo, onde se prescinde do elemento específico da saudação inicial e completamente da saudação final, que na antiguidade definiam uma epístola, pois o corpo da mesma era ladeado por orações, votos, notícias pessoais e saudações. No entanto, a preocupação de Tiago era diferente, pois pretendia abranger sobretudo os judeu-cristãos da Diáspora.
A nível de conteúdo, esta circular de fina expressão, cheia de embelezamentos estilísticos, assenta em sete andamentos, em ritmo binário, a saber, ditos sobre a sabedoria e a resistência, ditos sobre a escuta da Palavra e a recta acção, parénese sobre a acepção de pessoas e sobre a fé e as obras, ditos sobre a língua e o falar apropriado, ditos sobre a inveja e a discórdia e, por último, ditos sobre o abuso dos ricos e a paciência.
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