O livro dos Actos apresenta uma história poética, sem deixar de ter elementos de uma história documentaria e de uma história explicativa. Parto da tipologia de Paul Ricoeur para tentar justificar que Actos essencial e estruturalmente é uma história que relê o passado em relato dos fundadores para construir uma identidade, uma identidade cristã que assenta na pessoa de Cristo e paulatinamente consciencializa-se nas comunidades presentes no eixo geográfico, cultural, religioso Jerusalém – Roma.
O símbolo torna-se um instrumento usado para aprofundar a realidade que é sintetizada na história. Mas assim parece-se correr o risco de tornar a história algo imaginário e hipotético. Não, o símbolo apresenta-se como apelo à vivência de um passado actualizado no presente. O anuncio de Jesus ganha actualidade na síntese dos relatos da vida das várias personagens, nas suas relações e no seu contexto abrindo um caminho de densidade clarificadora, ou melhor, faz ver o percurso e interpela a um percurso de sensibilidade à consciência cristã. Um exemplo claro é o caminho que Pedro faz nos Actos para acolher a nova realidade de ser-se de Cristo (Cristão) ao aceitar Cornélio. Este exemplo leva-nos à parcialidade do autor que define e sintetiza a realidade com uma atitude contemplativa onde se reconstrói a história. O autor parte da realidade e nela encontra um objecto que associada ao seu dizer encontra o seu sentido.
Actos é história porque apresenta os realia. Estes são elementos não só dão credibilidade à história narrada mas são parte integrante desde percurso que leva o livro de Actos ser história.
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